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"Educação Científica e Suas Contribuições para a Sociedade" é tema de mesa-redonda

A popularização da ciência e poder do senso comum foram alguns dos pontos abordados

Na tarde desta última quarta (28), o Connepi 2018 seguiu com a rodada de mesas-redondas do congresso, com o tema "Educação Científica e Suas Contribuições para a Sociedade". O encontro teve como mediador o professor Gilmar Lima Júnior, Pró-Reitor de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação do Instituto Federal de Rondônia (IFRO). Os palestrantes convidados foram os professores Antônio Carlos Miranda, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE); Antônio Carlos Pavão, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); e Kleber Fernando Rodrigues, do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE).

Quem iniciou a mesa foi Antônio Miranda, Doutor em Astrofísica, que falou sobre a popularização da ciência. Ele apresentou um pouco sobre o projeto Desvendando o Céu Austral, que engloba a Semana de Popularização da Ciência do Semiárido, curso de Introdução à Astronomia, turismo astronômico em pontos conhecidos como Espaço Ciência e em observatórios, e até mesmo o teatro científico, em que  pequenas peças são apresentadas para as crianças compreenderem melhor a ciência. "Uma das coisas que aprendi foi levar ciência para perto do povo. Nós temos o compromisso de fazer uma educação politizante, no sentido mais amplo da palavra, pois a popularização da ciência e a divulgação científica podem colaborar na redução das desigualdades. E o povo faz educação científica no dia a dia, na interação com natureza, com a tecnologia", explica Miranda.

Depois foi a vez do professor Antônio Carlos Pavão tomar a palavra. Doutor em Química e Diretor do Espaço Ciência, o palestrante explanou sobre a produção do conhecimento e o ensino da ciência. "O conhecimento é uma produção social, por isso é preciso ensinar, socializar esse conhecimento. O conceito de se ensinar ciência é despertar o interesse por meio de perguntas que estimulem a curiosidade do estudantes com as coisas práticas do cotidiano, e não seguir rigorosamente o roteiro preconizado pelos livros didáticos", pontua Pavão. O professor ainda destacou a importância das Feiras de Ciências: "Essas feiras são revelantes porque premiam os alunos, incentivam a pesquisa, aproximam a família do jovem ao convívio escolar, e principalmente reconhecem o papel do estudante como cientista"

Fechando o ciclo da mesa-redonda, o professor Kleber Fernando, Doutor em Sociologia pela Universidade de Sorbonne, trouxe para a discussão temas como o senso comum como conhecimento e a mudança da perspectiva da ciência na sociedade. Segundo Kleber, o senso comum é um dos maiores, se não o maior disseminador de conhecimento: "A ciência precisa entender isso, pois eu posso aprender ciência com um pescador, com um indígena, mesmo que ele não sabe ler nem escrever". Ele comentou também que vivemos um grande paradoxo, pois ao mesmo tempo em que estamos no mais alto nível de desenvolvimento científico, ainda temos problemas seculares como fome e falta de água potável. "É necessário pensar a ciência como um elemento inclusivo, e não exclusivo na sociedade, abordando uma perspectiva humanista, ética e dialógica, em que a ciência seja vista como um bem de consumo e não de troca, rompendo com a lógica de mercado na construção do conhecimento científico", enfatiza o Doutor. Kleber ainda completa: "O espaço da ciência tem que ser de universalidade, de interprofissionalidade, em que não se pode criar ilhas de conhecimento onde apenas certos grupos detêm o poder. É preciso a construção da ciência para a cidadania".