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No encerramento, estudante faz defesa dos direitos dos povos indígenas

Antes da apresentação do Toré, estudante da comunidade indígena Xukuru de Orurubá, em Pesqueira, destaca vínculo dos povos indígenas com a terra

 

Hugo Peixoto/IFPE

A cerimônia de encerramento da 12º edição do Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, realizada na sexta-feira (30), contou com um manifesto em defesa dos direitos dos povos indígenas. O discurso foi feito pela estudante do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE), Marcela Moura, da comunidade indígena Xukuru de Orurubá, localizada no muncípio de Pesqueira, em Pernambuco. Em sua fala, que antecedeu a apresentação do Toré, ela destacou a o vínculo da população indígena com a terra e a necessidade de se fortalecer os direitos dos povos originários.

Confira a íntegra do discurso: 

"Nós povo Xukuru e todos os povos indígenas dessa nação, fomos obrigados a abandonar os nossos costumes, crenças e tradições, com isso perdemos muitos destes.  O toré é a nossa oração, no momento que o realizamos estamos agradecendo e pedindo forças ao nosso pai Tupã(Deus), nossa Mãe Tamain (Nossa senhora) , aos encantados e a natureza sagrada, por muito tempo nossos ancestrais foram proibidos de dançar o toré , muitos foram perseguidos, massacrados, assassinados, para que hoje este elemento da nossa cultura ainda exista , muitos de nossos ancestrais não temeram, seguiram resistindo e fazendo essa prática as escondidas dentro dos terreiros sagrados as escuras.

"Há 518 anos a nossa existência é ameaçada e hoje mais que nunca essa ameaça é declarada publicamente. Para nós a terra não é mercadoria é nossa mãe, a qual nos dá o alimento do corpo e da alma, e mãe a gente não vende não troca, não agride. Como dizia nosso o eterno Mandaru (Cacique Xikão):- “No Xukuru se educa para viver na terra, cuidar da terra e lutar pela terra.” Assim sempre foi e sempre será. Precisamos de nossas terras, pois para nós é um elemento sagrado onde estão plantados nossos ancestrais, de onde vem a nossa força encantada. 

Hugo Peixoto/IFPE

Diante de tantas declarações desumanas de ameaça a nossa existência o IFPE sai na frente promovendo a verdadeira inclusão, valorizando a pluralidade étnica existente em nosso país, sobre tudo dando espaço e acolhendo aos povos originários deste solo, que essa instituição seja referência para todas aquelas que se preocupam com a formação integral do ser humano, que preza pela equidade, a liberdade, a diversidade, o respeito mútuo. Que possamos estar cada vez mais unidos, em prol um do outro, dos nossos direitos e de nossa existência.

Que cada um aqui presente se permita sentir a força encantada através do toque do memby, do balanço do maracá e da batida do pé, que a luta e a resistência Xukuru seja inspiração para cada um, que sejamos parceiros de luta !

Ninguém solta a mão de ninguém!

E diga ao povo que avance!"       

Marcela Moura , Indígena Xukuru do Ororubá , estudante de matemática do IFPE - Campus Pesqueira.